O PROCESSO DE CRIAÇÃO – INSPIRAÇÃO
Confesso, nesta altura, a sensação que vivo a função de repórter, em vários segmentos de atividades ao longo da vida. Utilizar uma imagem alheia como fonte para recriação ocorreu muitas vezes. Uma foto, um comentário, uma história pode ter sido o ponto inicial de um projeto de produção artística, aceitando passivamente o conhecimento como já criado, estabelecer conexões e acrescentar direções, etapas novas e significados paralelos. Assim tem sido meu caminho e por aí vou indo e encontrando satisfação e prazer.
Tenho plena consciência do propósito da arte em criar ilusões, o que representa, então, um contraste com a atividade de investigação científica que é a minha atividade aprendida e isto, neste estágio, ainda funciona como censura. Mesmo assim, é gratificante, e a sensação de liberdade que se consegue às vezes é muito valiosa. A imaginação é sempre um processo experimental, seja com conceitos lógicos ou com a matéria-prima da arte.
A existência de imagens ou símbolos para denotar coisas ausentes habilita os seres humanos a se situar em circunstâncias hipotéticas. Este dom, simples e poderoso, é a imaginação, a qual não passa da capacidade de produzir imagens mentais e usá-las para conceber situações imaginárias.
As imagens têm a prerrogativa de reinterpretar a realidade, vez que ela mesma é um vestígio do real. Manifestações contemporâneas revelam que as imagens da "coisa" estejam substituindo a própria "coisa" e talvez, tornando-se outras "coisas".
Uma imagem é, enquanto produto de concretização material de uma ideia, a codificação de um conceito, uma mensagem carregada diretamente de conteúdos de natureza estética e artística e indiretamente de conexões mentais associadas à realidade interior do intérprete/consumidor desta imagem.